Guerra Irregular ModernaO Brasil tem guerrilha
ISTOÉ
entra na base da Liga dos Camponeses Pobres, um grupo armado com 20
acampamentos em três Estados, que tem nove vezes mais combatentes que o
PCdoB na Guerrilha do Araguaia e cujas ações resultaram na morte de 22
pessoas no ano passado
Por ALAN RODRIGUES (TEXTO)
E ALEXANDRE SANT'ANNA (FOTOS) - Buritis (RO)
O
barulho de dois tiros de revólver quebrou o silêncio da noite na pacata
comunidade rural de Jacilândia, distante 38 quilômetros da cidade de
Buritis, Estado de Rondônia. Passava pouco das 22 horas do dia 22 de
fevereiro quando três homens encapuzados bloquearam a estrada de terra
que liga o lugarejo ao município e friamente executaram à queima-roupa o
agricultor Paulo Roberto Garcia. Aos 28 anos, ele tombou com os
disparos de revólver calibre 38 na nuca. Dez horas depois do crime, o
corpo de Garcia ainda permanecia no local, estirado nos braços de sua
mãe, Maria Tereza de Jesus, à espera da polícia. Era o caçula de seus
três filhos. Um mês depois do assassinato, o delegado da Polícia Civil
de Rondônia que investiga o caso, Iramar Gonçalves, concluiu: "Ele foi assassinado pelos guerrilheiros da LCP."
A
sigla a que o delegado se refere, com estranha naturalidade, quer dizer
Liga dos Camponeses Pobres, uma organização radical de extrema esquerda
que adotou a luta armada como estratégia para chegar ao poder no País
através da "violência revolucionária". Paulo Roberto foi a mais recente
vítima da LCP, que, sob a omissão das autoridades federais e o silêncio
do resto do Brasil, se instalou há oito anos na região e, a cada hora,
se mostra mais violenta. Apenas em 2007, as operações do grupo
produziram 22 vítimas - 18 camponeses ou fazendeiros e quatro
guerrilheiros. Amplamente conhecidos em Rondônia, os integrantes da LCP
controlam hoje 500 mil hectares. Estão repartidos em 13 bases que se
estendem de Jaru, no centro do Estado, às cercanias da capital Porto
Velho, se alongando até a fronteira com a Bolívia, região onde eles
acabaram de abrir uma estrada. O propósito dos guerrilheiros seria
usá-la como rota de fuga, mas, enquanto não são incomodados nem pela
Polícia Federal nem pelo Exército, a trilha clandestina está sendo
chamada de transcocaineira - por ela, segundo a polícia local, passam
drogas, contrabando e as armas da guerrilha.
ÁREA PROIBIDA
A
nenhuma dessas colônias o poder público tem acesso. Sob o manto da
"revolução agrária", a LCP empunha as bandeiras do combate à burguesia,
ao imperialismo e ao latifúndio, enquanto seus militantes assaltam,
torturam, matam e aterrorizam cidades e zonas rurais nessas profundezas
do Brasil. Encapuzados, armados com
metralhadoras, pistolas, granadas e fuzis AR-15, FAL e AK-47 de uso
exclusivo das Forças Armadas, eles já somam quase nove vezes mais
combatentes que os 60 militantes do PCdoB que se embrenharam na Floresta
Amazônica no início dos anos 70 na lendária Guerrilha do Araguaia. "A
Colômbia é aqui", diz o delegado Gonçalves, numa referência às Farc.
A
reportagem de ISTOÉ entrou nessa área proibida. No distrito de
Jacinópolis, a 450 quilômetros de Porto Velho, bate o coração da
guerrilha. Segundo o serviço secreto da Polícia Militar de Rondônia, é
ali que está o campo de treinamento. "Nem com 50 homens armados eu tenho
coragem de entrar na invasão deles", admite o delegado. Caminhar pelas
hostis estradas enlameadas é como pisar em solo minado. A todo momento e
com qualquer pessoa que se converse, o medo de uma emboscada é
constante. Os militantes adotam as táticas de bloqueio de estradas e
seqüestro das pessoas que trafegam pela área sem um salvo-conduto verbal
liberado pela LCP. "É a forma de combater as forças inimigas",
escreveram eles num dos panfletos que distribuíram na região. "Esses
bandoleiros foram muito bem treinados pelos guerrilheiros das Farc",
revela o major Enedy Dias de Araújo, ex-comandante da Polícia Militar de
Jaru, cidade onde fica a sede da Liga.
Para
se chegar à chamada "revolução agrária", dizem os documentos da LCP aos
quais ISTOÉ teve acesso, a principal ação do grupo é pôr em prática a
chamada "violência revolucionária". E, para os habitantes locais, essa
tem sido uma violência fria e vingativa. No caso da sua mais recente
vítima, o que a LCP fez foi uma execução sumária, após um julgamento
interno suscitado pela desconfiança sobre o real propósito da presença
de Paulo Roberto Garcia na região. "Eles acreditam que o rapaz era um
agente infiltrado como agricultor e não tiveram dúvida em matálo", disse
o delegado. Dos 22 mortos de 2007, quatro eram fazendeiros e 14 eram
funcionários das fazendas, que a liga camponesa classifica como
paramilitares. Na parte dos guerrilheiros, quatro foram enterrados -
assassinados em circunstâncias distintas por jagunços das fazendas da
região.
Além
de matar, a LCP é acusada pela polícia de incendiar casas, queimar
máquinas e equipamentos e devastar a Floresta Amazônica. Os moradores da
comunidade onde vivia Garcia não sabem o que é luta de classe, partido
revolucionário e muito menos socialismo. Mas eles sabem muito bem que,
desde a chegada da LCP naquelas bandas, a morte matada está vencendo a
morte morrida.
ALERTA NA SELVA
Só
quem consegue transitar livremente no território da guerrilha são os
caminhões dos madeireiros clandestinos, que pagam um pedágio de R$ 2 mil
por dia à LCP para rodar nas estradas de terras controladas pela
milícia. Em troca do pedágio, os guerrilheiros dão segurança armada aos
madeireiros para que eles possam roubar árvores em propriedades
privadas, áreas de conservação e terras indígenas. São terras que a LCP
diz ter "tomado" - e o verbo tomar, no lugar de "invadir" ou "ocupar",
como prefere o MST, não é mera semântica, mas uma revelação do caráter
belicoso do grupo. "A falha é do Exército brasileiro, que deixa esses
terroristas ocuparem nossa área de fronteira", acusa o major Josenildo
Jacinto do Nascimento. Comandante do Batalhão de Polícia Militar
Ambiental, Nascimento sente na pele o poder e a arrogância desse bando
armado.
No
ano passado, eles derrubaram uma base militar da Polícia Ambiental
dentro de uma unidade de conservação e seqüestraram seus soldados. "A
tática utilizada pela LCP para as emboscadas é certeira", admite um dos
militares, mantido preso por sete horas. "Como são estradas de terras,
no meio da floresta, eles derrubam árvores, que fecham o caminho. Quando
as pessoas descem do carro para retirar a tora, são rendidas", diz E.
S., militar da Polícia Ambiental, que recorre ao anonimato para se
proteger. "Essa guerra é um câncer que está se espalhando pelo Estado",
alerta Nascimento.
Assim
como consta nos panfletos da Liga, os guerrilheiros postam homens em
bases nos morros com binóculos e rojão para anunciar a "invasão" de sua
área por "forças inimigas". Depois de sermos monitorados de perto por
grupos de motoqueiros, durante os 38 quilômetros que levamos uma hora e
meia para percorrer no território dominado pela LCP, ouvimos uma
saraivada de rojões anunciando nossa presença. Estávamos próximos a uma
base. O alerta serve também para que os homens armados se infiltrem na
mata ocupando as barricadas montadas com grandes árvores nas cercanias
dos acampamentos.
"O
fato é que não dá para observá-los, mas estamos sob sua mira", adverte o
militar da Polícia Ambiental que nos acompanha. Na verdade, a PM
Ambiental é a única força do Estado cuja presença ainda é tolerada pela
guerrilha. A explicação é simples: com apenas oito agentes para cuidar
de quase 900 mil hectares naquela região, eles não representam ameaça ao
grupo. Antes, serão presas fáceis se assim os militantes o desejarem.
A BASE
Logo
que o barulho dos rojões reverbera na imensidão da selva, as mulheres e
crianças vestem seus capuzes e assumem a linha de frente. Quando se
chega ao topo de um morro, depois de passar por uma barricada construída
com o tronco de uma imensa árvore com a inscrição da Liga, avista-se
uma bandeira vermelha tremular na franja de um acampamento de casas com
cobertura de palha. Pouco tempo depois, outra barricada e chega-se a uma
parada obrigatória. Do outro lado da porteira, transcorreu o seguinte
diálogo com uma trupe maltrapilha, encapuzada e arredia.
LCP - O que vocês vieram fazer aqui? - disse um nervoso interlocutor mascarado.
ISTO É - Somos jornalistas e queremos saber o que vocês têm a dizer sobre a reforma agrária e a Liga dos Camponeses Pobres.
LCP - Podem ir embora, não temos nada a dizer. Vocês só atrapalham.
ISTO É - Quantas famílias estão nesta invasão?
LCP - 300.
ISTO É- Podemos falar com o líder de vocês?
LCP - Aqui não existe líder, todos somos iguais.
ISTO É - Por que vocês ficam mascarados?
LCP - A máscara é nossa identidade.
ISTO É - Vocês acreditam que podem fazer uma revolução?
LCP - Não temos que dar satisfações à imprensa burguesa.
ISTO É - De quem vocês recebem apoio?
LCP - Não interessa.
ISTO É - Podemos entrar no acampamento?
LCP - De forma alguma. Vão embora daqui!
Com
colete à prova de balas sob a camisa, saímos da porteira do acampamento
por uma questão de segurança e voltamos a percorrer de carro, numa
estrada precária, mais uma hora e meia até o primeiro ponto de pedágio
da LCP. "No ano passado, fomos presos por eles, éramos oito militares e
eles tinham mais de 50 homens armados com metralhadoras", conta o
sargento da tropa. "Não tem jeito, para resolver o problema com esse
bando só com uma ação conjunta do Exército, da Polícia Federal e das
forças do Estado."
Ao
voltar da área dominada pela LCP, fica claro, nas reservadas conversas
com alguns poucos moradores dispostos a contar algo, que o terror
disseminado pela guerrilha se mede pelo silêncio dos camponeses. Os
revoltosos controlam a vida das pessoas, além de investigar quem é quem
na região. Quem não "colabora" com eles - fornecendo dinheiro, gado ou
parte da produção - vira alvo de ataques covardes. Histórias de
funcionários das fazendas da região que foram colocados nus sobre
formigueiros ou que apanharam até abandonar o local estão muito
presentes na memória dos moradores. As torturas praticadas pelos
bandoleiros contra trabalhadores rurais dificultam até contratação de
mão-de-obra na região. "Ninguém quer trabalhar mais na minha fazenda",
admite Sebastião Conte, proprietário de 30 mil hectares de terra. Ele
teve parte de sua terra "tomada" há dois anos pela LCP, a sede da
fazenda foi queimada, assim como seus tratores, alojamentos e área do
manejo florestal. O fazendeiro, acusado pela Liga de ser um
latifundiário, é prova de que o terror da guerrilha é igual para todos.
Segundo ele, nos últimos dois anos, teve que enterrar três de seus
funcionários. "Todos eles assassinados barbaramente", diz Conte. "Estou
pedindo socorro. Não sei mais a quem recorrer."
Longe
de lá, na cidade de Cujubim, os trabalhadores rurais empregados das
fazendas não dispensam o porte de armas. "Aqui ou você anda armado ou
está morto", diz M.L. O capataz da fazenda e seu filho já perderam a
conta de quantas vezes trocaram chumbo com os mascarados que tentam
invadir a fazenda. Tratados como paramilitares, os funcionários das
fazendas são, depois dos fazendeiros, os alvos prediletos dos ataques da
Liga. Nelson Elbrio, gerente da Fazenda Mutum, teve o azar de cair nas
mãos da "organização". Ele foi rendido exatamente como os militares da
Polícia Ambiental e ficou preso sob a mira de uma arma por seis horas.
"Assim que eu fiz a curva na estrada dei de cara com uns 15 homens
encapuzados e fortemente armados. Eles me tiraram do carro e a partir
daí vivi um inferno", conta Elbrio. "Eles queriam que eu revelasse os
segredos da fazenda: quantas pessoas trabalhavam lá, depósito de
combustível, se tinha seguranças armados." O sofrimento do funcionário
se estendeu até o final da tarde, quando o grupo o arrastou até a sede
da fazenda, dando tiros de escopeta próximo a seu ouvido. Em seguida, o
obrigaram a assisti-los incendiando a propriedade e os tratores. "Nunca
mais dormi bem", diz Elbrio.
Com
a morte à espreita, o medo transformou distritos inteiros em zonas
despovoadas - verdadeiras vilas fantasmas - e criou uma massa de gente
refugiada de sua própria terra, expulsa pela guerrilha. Em Jacilândia,
das 25 casas de madeira da única rua do distrito, só oito estão
habitadas. Até a igreja fechou suas portas. "O povo foi embora com medo
dos guerrilheiros", conta um dos moradores, um ancião que só admite a
entrevista sob o anonimato. "Aqui não podemos falar nada. Para ficar de
pé tem que se aprender a viver", diz o velho agricultor. O silêncio e o
abandono das terras são a mais dura tradução desse novo modo de viver.
Maria, a mãe do agricultor assassinado, não esperou a missa de sétimo
dia do caçula. Deixou para trás os 100 hectares, onde tinha 100 cabeças
de gado e a casa recém-construída. Partiu para um lugar ignorado, sob a
proteção de outro filho.
O SILÊNCIO
Naquele
pedaço de terra, os poucos que, apesar de tudo, permanecem na área não
têm rostos ou nomes. Quando interrogados pela polícia na apuração dos
crimes, eles se tornam também cegos e surdos. "Não existe testemunha de
nada", reclama o delegado Gonçalves. A razão das infrutíferas apurações
policiais é que os insurgentes presos são facilmente liberados pela
Justiça. "Como eles usam a tática guerrilheira do uso de máscaras em
suas ações, nós ficamos de mãos atadas para puni-los. Nunca se sabe quem
de fato matou", queixa-se o delegado. As únicas lideranças da LCP a
enfrentar a prisão por causa de assassinatos foram Wenderson Francisco
dos Santos (Russo) e Edilberto Resende da Silva (Caco), que se encontra
foragido. Os dois foram acusados de participar do assassinato do
trabalhador rural Antônio Martins, em 2003. Russo foi absolvido em
primeira instância e os promotores recorreram da decisão ao Tribunal de
Justiça.
A ABIN SABE
Essa
tensão é o pano de fundo de uma guerra psicológica que os ideólogos da
organização avaliam como a ideal para que a área seja abandonada pelos
fazendeiros. "A melhor forma de desocupar a área é destruindo o
latifúndio", nos disse um dos mascarados, chamado de Luiz por um colega.
Na lógica da LCP, os fazendeiros têm que tomar prejuízo sempre, senão
eles não abandonam a terra. À frente de 300 famílias da invasão da
Fazenda Catanio, uma propriedade de 25 mil hectares, o guerrilheiro Luiz
defende o confisco do gado para matar a fome dos invasores e considera
que a "tomada" de terra é a forma legal de fazer uma "revolução
agrária". "Se esperarmos a Justiça, ficaremos anos plantados aqui", diz
ele.
A
audácia dos militantes da LCP é tanta que no ano passado mais de 200
deles marcharam encapuzados pelas ruas do município de Buritis, a 450
quilômetros de Porto Velho, até parar na porta da delegacia, onde
exigiram a saída do delegado Gonçalves da comarca. Motivo: ele tinha
prendido um dos líderes da facção guerrilheira. Não satisfeitos, os
bandoleiros bateram às portas do Ministério Público e da Justiça
exigindo que os titulares dos órgãos também se afastassem. O fato foi
reportado ao Ministério da Justiça, ao presidente Lula e ao governo
estadual. Até agora, não houve nenhuma resposta. "Ninguém leva a
sério nossas denúncias. Eles pensam que estamos brincando, que a
denúncia de guerrilha é um delírio", indigna-se o delegado Gonçalves.
"Isso vai acabar numa tragédia de proporções alarmantes, e aí sim vão
aparecer os defensores dos direitos humanos", critica ele. É exatamente
nessa desconsideração das denúncias de promotores, juízes e militares
que a Liga ganha força e cresce impunemente.
Tão
trágica quanto o terror que esse grupo armado impõe às comunidades
rurais é o fato de os governos estadual e federal saberem da existência
desse bando armado - e não fazerem nada. Segundo o Dossiê LCP, um
relatório confidencial da polícia de Rondônia, com 120 páginas,
encaminhado em dezembro passado à Agência Brasileira de Inteligência
(Abin), ao Exército e ao Ministério da Reforma Agrária, o grupo armado,
além de cometer todo tipo de barbaridade, é financiado por madeireiros
ilegais. Conforme o documento, a LCP controla uma área estimada em 500
mil hectares, onde doutrina mais de quatro mil famílias de camponeses
pobres espalhadas por mais de 20 assentamentos da reforma agrária
distribuídos pelos Estados de Minas Gerais, Pará e Rondônia. "Eles estão
na contramão do que é contemporâneo. Mas, de fato, formaram um 'Estado'
paralelo", entende Oswaldo Firmo, juiz de direito da Vara especializada
em Conflito Agrário do Estado de Minas Gerais.
FORÇA-TAREFA
Documentos
em poder de ISTOÉ comprovam que as autoridades federais têm feito
ouvidos de mercador para o problema. No dia 11 de janeiro de 2008, o
ouvidor agrário do governo federal, desembargador Gercino José da Silva
Filho, acusou o recebimento das denúncias encaminhadas a ele sobre as
ilegalidades cometidas por integrantes da Liga dos Camponeses Pobres.
Mais uma vez, nada foi feito. "Eles dizem que sabem de tudo, mas cadê a
ação?", questiona o major Nascimento, comandante da Polícia Militar
Ambiental de Rondônia. "Essa situação aqui só será resolvida em conjunto
com outras forças militares", admite o major. Foi o que aconteceu no
Estado do Pará, em novembro passado, na chamada Operação Paz no Campo,
quando uma ação envolvendo o Exército, as polícias civil e militar e a
Polícia Federal desocuparam um acampamento da LCP na Fazenda Fourkilha,
no sul do Estado. Com dois helicópteros, 200 homens e 40 viaturas, a
força-tarefa cercou o local, prendeu cerca de 150 militantes e recolheu
um verdadeiro arsenal de guerra. "Precisamos da mão forte do Estado.
Aqui somos tratados como cidadãos marginais", emenda o fazendeiro
Sebastião Conte.
Fonte: