8.22.2013

O “evangelho” Placebo Por Samuel Torralbo



É importante inicialmente a definição do termo placebo. Por definição, placebo é uma substância inerte, sem propriedades farmacológicas, administrado a uma pessoa ou grupo de pessoas, como se tivesse propriedades terapêuticas. Ou seja, são substâncias sem nenhuma propriedade medicinal, cujo objetivo é apenas estimular o psiquismo do paciente para a cura tão desejada. Neste processo, por exemplo, o paciente pode acreditar estar tomando um comprimido que possua elementos medicinais, enquanto que na verdade esta ingerindo apenas cápsulas de farinha de trigo. Em muitos casos o método placebo resolve o problema de alguns pacientes simplesmente pela ativação dos elementos contidos no psicológico humano, porém em outros casos o paciente precisará da medicina convencional.
É no mínimo estarrecedor detectar o mesmo procedimento ou método em muitos redutos cristãos, onde o “evangelho” comunicado possui o mesmo efeito placebo, sem consistência nos fundamentos eternos de Deus, partindo apenas de uma premissa psíquica ou emocional que poderá aliviar superficialmente o problema crônico do homem – o pecado.
No antigo testamento os promotores da mensagem placebo já eram bastante comuns – “Curam superficialmente a ferida do meu povo, dizendo: Paz, paz; quando não há paz.” (Jeremias 8.11) O profeta Jeremias estava denunciando uma categoria de sacerdotes e profetas que enganavam o povo e falsificavam a palavra de Deus, difundindo mensagens apenas de cunho motivacional e auto ajuda, enquanto que, menosprezavam a verdadeira palavra de Deus.
Em outro momento, Deus questiona o profeta Jeremias – “Tenho ouvido o que dizem aqueles profetas, profetizando mentiras em meu nome, dizendo: Sonhei, sonhei. Até quando sucederá isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que só profetizam do engano do seu coração? Os quais cuidam fazer com que o meu povo se esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus pais se esqueceram do meu nome por causa de Baal. O profeta que tem um sonho conte o sonho; e aquele que tem a minha palavra, fale a minha palavra com verdade. Que tem a palha com o trigo? diz o Senhor.” (Jeremias 23.25-28) Os questionamentos de Deus dentro deste contexto do livro de Jeremias estão todos atrelados ao evangelho placebo, profetas profetizando mentiras e a palha assumindo o lugar do trigo (falsidade), podendo apenas produzir cura e transformação superficial na vida das pessoas.
Porém, esse tipo de mensagem fraudulenta não era apenas realidade do antigo testamento, mas infelizmente também é um fato no período neotestamentário – “Estes são manchas em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas; Ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações; estrelas errantes, para os quais está eternamente reservada a negrura das trevas.” (Juda 1.12.13)
Deste modo, fica evidente que, o outro evangelho (placebo) sempre esteve presente assediando o crescimento do verdadeiro evangelho de Cristo Jesus, servindo apenas de paliativo ou bandeide em cima de um tumor chamado pecado.
Sendo assim, o tempo atual requer de todos os verdadeiros discípulos de Cristo Jesus o discernimento necessário para distinguirem entre a palha e o trigo, o superficial e o essencial, o engano e a verdade – “Mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.” (Hebreus 5.14)  

* As opiniões expressas nos textos publicados são de exclusiva responsabilidade dos respectivos autores
e não refletem, necessariamente, a opinião do Gospel Prime.

Autor

Samuel Torralbo

Samuel Torralbo

Cristão por adoção, Pastor por vocação, Escritor por paixão. Formado em Teologia pela Faculdade Metodista de São Paulo, Diretor do Instituto Teológico Petra, e fundador do projeto Em Defesa da Igreja, Co-Pastor na Igreja Evangélica Assembleia de Deus - Casa Verde Alta em Mogi das Cruzes.



Um comentário:

Unknown disse...

Olá Célia! Muito profunda esta reflexão do pastor Samuel acerca de pregações "Placebo". Infelizmente é muito comum que as pregações sejam apenas palavras desconexas sem fundamento bíblico. :(
Devemos orar mto para que através de nossas vidas, o Senhor levante uma geração diferente, que vive A PALAVRA, e se baseia nela para toda a vida.

Deus abençoe! Vanessa. http://incondicionalamordeus.blogspot.com.br