Walthon de Andrade Goulart, nascido em Santo Antônio do Glória, na época, distrito de Muriaé, em 17 de maio de 1921, era filho de Maria Garcia Goulart e do fazendeiro Abeilard de Andrade Goulart. Foi casado com Marly Pires Goulart e o casal teve três filhos: Hélio Abeilard Pires Goulart, Walthon de Andrade Goulart filho e Aparecida Pires Goulart. Fez seus estudos secundários na Atheneu São Paulo, em Muriaé, e foi para o Rio cursar a Escola de Cadetes da Aeronáutica, onde foi piloto de caça e instrutor de várias turmas. Serviu depois em Barbacena, como Professor da Escola Preparatória de Cadetes, tendo sido reformado como Capitão e, posteriormente, Major. Formou-se em Direito pela Faculdade de Niterói em 1959.
Quando ainda era Capitão da Aeronáutica, veio a Muriaé de avião buscar um dos responsáveis pelo atentado ao Deputado Carlos Lacerda. O marginal foi preso no nosso município. O atentado foi articulado pelo Guarda-costas do Presidente Getúlio Vargas Gregório Fortunato, chamado de “Anjo Negro”. Esta desastrada operação agravou a crise política que culminou com o suicídio de Vargas. Lacerda saiu apenas ferido do atentado, que teve como vítima fatal o major-aviador Rubens Florentino Vaz.
Foi sob a ideologia de liberdade com segurança do Brigadeiro Eduardo Gomes e o legalismo liberal da UDN que ele entrou na política representando a região de Muriaé como Deputado Estadual por quatro vezes: de 1955 a 1959, de 1959 a 1963, de 1963 a 1967 e de 1967 a 1971, já como integrante da Arena – Aliança Renovadora Nacional.
Conhecedor profundo dos problemas municipais, das questões de infra-estrutura às de comércio, indústria e justiça social, intelectual e arguto interpretador de leis, prestou sua colaboração em todas as áreas do Legislativo.
Foi Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais por duas legislaturas: em 1963 e 1964, um período especialmente difícil na vida política nacional, quando se fazia a transição para o regime militar. Como presidente da Assembléia, iniciou a construção da sede atual, o Palácio Inconfidência, e viabilizou recursos para seu término. Em todos estes anos, apresentou projetos de grande relevância para Minas Gerais e, principalmente, para sua cidade natal.
Esse homem de formação militar e de disciplina liberal, apoiou o regime ditatorial do golpe de 64 e desacreditou dele quando o elo governo e sociedade foi rompido.
Ficou famosa na carreira do Deputado Walthon Goulart a história dos líderes de uma pequena cidade que o procuraram para pedir a manutenção de um soldado envolvido em um crime, que a oposição queria afastar. Em jogo, estavam os seus votos de majoritário, sempre conseguidos no município às custas de uma sequência de obras realizadas graças às suas relações com o Governador Magalhães Pinto. O deputado recusou-se e teve apenas dois votos nas eleições seguintes. Esta postura, que se negava a interesses imediatos para enxergar a política com olhos mais largos, era comum a esse piloto da Aeronáutica, que pautou sua vida pelo reconhecimento da lei e da justiça, acima das mudanças temporárias.
Foi diretor da Gazeta de Muriaé por quatro anos, no período de 1957 a 1960.
Por todos os cargos que ocupou na sua vida pública, soube desempenhar as funções com capacidade, honradez e dignidade. Deixou registrado nos anais da história administrativa um exemplo de homem público dos mais dignos e honestos, o que configura um ideal nobre que deve ser imitado por todos.
Em homenagem à sua memória e em agradecimento ao seu diário e incansável trabalho pela região a que se dedicou com amor e devotamento de um grande filho, a praça do Bairro São Francisco recebeu o nome de Praça Deputado Walthon Goulart pela lei número 1.139 de 1986.
Nenhum comentário:
Postar um comentário