Christopher
J. Hale
Christopher
Hale é diretor-executivo
da entidade Católicos em Aliança pelo Bem-Comum e co-fundador da organização Millennial.
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Donald Trump e Mike Pence | | | | |
Comentário de Julio Severo: Este
artigo, publicado originalmente na revista Time (a maior revista secular dos
EUA), me foi repassado, via linha do tempo do meu Facebook, por um dos
diretores de LifeSiteNews, o maior portal pró-vida católico do mundo. Não estou
publicando o artigo porque concordo, mas para que você, leitor, entenda a
suposta razão por que o eleitorado católico americano está preferindo em grande
parte a abortista Hillary Clinton. Se eles julgam Trump ruim, eles deveriam se
abster, pois Hillary é pior. O autor católico acha que a chapa é evangélica
demais (de fato, o
único grande grupo religioso que está apoiando Trump são os evangélicos) e
critica o fato do vice de Trump ter se oposto à recolonização de imigrantes muçulmanos
em Indiana. Ora, um
católico já havia denunciado que instituições católicas e o próprio Vaticano se
beneficiam financeiramente da imigração islâmica. Portanto, nessa questão
estou com o vice do Trump. Mas o autor acerta com relação à postura mole de Pence
sobre liberdade religiosa. Isso ficou patente quando Pence fez uma lei para
proteger cristãos contra o ativismo gay, mas quando
as pressões caíram sobre ele, ele fez a lei virar de cabeça para baixo: a
lei que havia sido criada para proteger os cristãos hoje dá muito mais proteção
e privilégios ao ativismo homossexual. Mas isso jamais deveria ser desculpa
para os católicos americanos votarem em Hillary! É errado o que Pence fez, mas
é mais errado ainda votar em Hillary. Leia o artigo católico completo:
O voto
católico determina o rumo dos EUA? Com certeza, parece isso. Os católicos têm
votado pelo ganhador do voto popular em quase todas as eleições presidenciais desde
Franklin D. Roosevelt. (Eles só não gostaram de D. L. Eisenhower em 1952). Quer
seja a afirmação da Igreja Católica de que ela é dirigida pelo Espírito Santo
ou pura sorte, é evidente que obter o voto dos católicos é parte crucial para
se tornar presidente dos Estados Unidos.
Donald Trump
não parece entender isso.
Em fevereiro,
Trump atacou o imensamente popular Papa Francisco como sendo “uma vergonha” e
um “peão político.” Talvez isso ajude a explicar por que Hillary Clinton está, entre
os católicos, com uma pontuação surpreendente de dezessete pontos à frente (56%
a 39%) contra Trump. Entre católicos americanos descendentes de latino-americanos,
a margem incha para cinquenta e um pontos (77% a 16%).
E então? Dá
para essa situação ficar pior para Trump entre católicos? Com certeza. E já
está ficando.
A atitude de
Trump escolher Mike Pence, governador de Indiana, é seu passo mais recente para
criar o que talvez seja a chapa
presidencial republicana mais anticatólica da moderna história dos Estados
Unidos. Essa é uma virada estupenda de 2012, em que Mitt Romney e Paul Ryan
deram muito em cima dos católicos em toda a campanha.
Enquanto
estava apresentando Pence como seu vice-presidente no sábado, Trump disse que
ele e Pence são lutadores, e que juntos eles lutariam pela liberdade religiosa
dos cristãos nos Estados Unidos. O histórico de Pence sugere o contrário.
Não há a
menor dúvida de que Mike Pence luta duro. Mas pelos cristãos? Nem tanto.
Ele lutou
duro contra o Papa Francisco e a tentativa da Igreja Católica de recolonizar
refugiados sírios em Indiana. Citando preocupações de segurança depois dos
ataques em Paris em novembro passado, Pence tentou pressionar as organizações
humanitárias católicas locais para pararem de acolher e abrigar refugiados que
estavam fugindo da violência e terrorismo no Oriente Médio. Contudo, Joseph
Tobin, o arcebispo de Indianapolis, corajosamente desafiou as ordens do
governador. Tobin disse na época que acolher refugiados “é uma parte essencial
de nossa identidade como cristãos católicos, e continuaremos essa tradição que
salva vidas.”
Os republicanos
também estão preocupados com o histórico de Pence sobre liberdade religiosa. O
intelectual conservador David French acabou de acusar Pense de sacrificar a
liberdade religiosa para seu oportunismo político durante seu mandato como
governador.
Donald Trump
diz que quando ele for presidente, o Cristianismo terá poder de novo nos
Estados Unidos. “Os cristãos não usam seu poder,” Trump se queixou. “Temos de
fortalecer, pois estamos ficando —se você olhar, é morte aos poucos — estamos
ficando menos e menos fortes em termos de uma religião, e em termos de uma
força.”
No estilo
típico do Trump, ele acha que isso se inicia na esfera do mercado: “Eu lhes
direi algo: se eu for eleito presidente, vamos poder dizer ‘Feliz Natal’ [nas lojas]
de novo.” Ele continuou: “Pois se eu estiver ali, vou ter muito poder. Vocês
não precisam de ninguém mais. Vocês vão ter alguém representando vocês muito
bem. Lembrem-se disso.”
Com o devido
respeito, os cristãos precisam de outra pessoa.
Donald Trump
não entende. O coração do “poder” cristão não é força e visibilidade na esfera
pública. A mensagem central do próprio Cristianismo sempre foi que o Jesus
Cristo rejeitado, crucificado e executado é de certo modo Senhor da terra
inteira. No mundo de Trump, pessoas como Cristo são perdedoras. No mundo de
Deus, elas são as vitoriosas.
O poder
cristão vem de nossa capacidade de comunicar e praticar o amor salvador de Deus
nas esferas visíveis da sociedade. Dizer “Feliz Natal” nas lojas pode ganhar uma
batalha oca de relações públicas, mas nada faz para avançar o Evangelho de
Jesus Cristo. Se Donald Trump e Mike Pence e Hillary Clinton e seu vice
quiserem lutar pelos valores cristãos, então precisam garantir que os EUA sejam
uma nação que lute pelos sonhos de Deus de um lugar em que os últimos sejam os
primeiros, os pobres sejam abençoados e os inimigos sejam amados.
Quer ser um
campeão da causa cristã? Garanta que os EUA sejam uma nação em que a
misericórdia reine de modo supremo, seja um país em que as vidas dos negros
importem, em que as vidas dos LGBTs importem, e que importem também as vidas
dos refugiados, dos presidiários, dos bebês em gestação e de todas as outras
pessoas que sofrem desumanização, exclusão e injustiça.
É claro que
esse é um jeito grande de garantir a entrada no céu. Mas se os últimos setenta
anos da política americana significam algo também, é um grande jeito de
garantir a presidência dos EUA — em resumo, é uma vitória em que o candidato e
os eleitores ganham.