3.01.2011

Cirurgia para Obesidade Mórbida

Introdução
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Obesidade mórbida é definida, como o nome indica, como sendo aquela que traz consigo as doenças, ou o alto risco de adquiri-las, associadas ao excesso de peso. A obesidade é, atualmente, um dos maiores problemas de saúde pública no mundo ocidental, atingindo cerca de um terço da população e com aumento progressivo de incidência, sendo por isso chamada de a "epidemia" do terceiro milênio. No Brasil cerca de 15% dos adultos são obesos. A obesidade não é um problema moral ou de falta de vontade, mas sim um sério problema médico, geralmente mal tratado e com muitas causas, envolvendo componentes genéticos, metabólicos, hormonais, comportamentais, culturais, psicológicos e sociais. Dentre as várias doenças associadas à obesidade, as mais frequentes são a hipertensão arterial, diabetes, doenças nas articulações – principalmente coluna baixa e membros inferiores –, insuficiência respiratória, apneia do sono, varizes e trombose nas veias das pernas, doenças coronarianas, derrame cerebral, perda de urina – em mulheres, impotência, infertilidade e vários tipos de cânceres (mama, útero, intestino). Estas doenças não só pioram a qualidade como também diminuem o tempo de vida do obeso em 20%. O tratamento conservador da obesidade, por meio de mudanças no hábito alimentar, comportamental, exercícios físicos e medicamentos tem o seu lugar, porém, são ineficazes quando se trata de obesidade mórbida – Índice de Massa Corporal maior que 40. Vários estudos demonstram que, mesmo com emprego de novos medicamentos emagrecedores como a sibutramina, a cada 100 pacientes tratados apenas 34 conseguem perda ponderal de 10% ao final de 12 meses, perda esta que é muito pequena considerando-se o obeso mórbido. Além destes maus resultados na perda ponderal, o tratamento conservador falha na manutenção desta perda com o passar do tempo, sendo que a quase totalidade dos pacientes recupera o peso perdido e, muitas vezes, ultrapassam-no após cinco anos de acompanhamento. Desta forma, no consenso mundial sobre tratamento da obesidade, organizado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, em 1991, ficou estabelecido que o único tratamento eficaz na perda e manutenção ponderal do obeso mórbido é o tratamento cirúrgico.
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Classificação da Obesidade ===///===
Para se graduar a obesidade, é adotado pela Organização Mundial da Saúde o Índice de Massa Corporal (IMC), que é encontrado pela fórmula: IMC = Peso em quilos dividido pelo resultado da multiplicação da Altura em metros por ela mesma. Exemplo, uma pessoa de 1,70 m e peso de 90 kg tem um IMC = 31, 14, ou seja, tem uma Obesidade Leve. Assim, de acordo com a tabela abaixo são classificadas as diferentes categorias de obesidade.
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Índice de Massa Corporal - Categoria
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- IMC de 20 a 25 - Peso Saudável - IMC de 25 a 30 - Sobrepeso - IMC de 30 a 35 - Obesidade Leve - IMC de 35 a 40 - Obesidade Moderada - Acima de 40 - Obesidade Mórbida
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Quando está indicada a cirurgia?
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A cirurgia, também por consenso mundial, está indicada naqueles obesos que preencherem os seguintes critérios: - Índice de Massa Corporal (IMC) maior que 40; - IMC maior que 35 com doenças associadas à obesidade; - Falhas de tratamentos conservadores prévios sob orientação profissional; - Ausência de doenças com riscos inaceitáveis para cirurgia; - Ausência de doenças endócrinas como causa da obesidade; e - Ausência de psicopatias graves, incluindo viciados em droga e álcool.
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Quais os objetivos da cirurgia?
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O objetivo do tratamento cirúrgico é não só eliminar ou minimizar as doenças associadas à obesidade, como também resolver os problemas psicológicos e sociais causados pela mesma nas coisas mais simples da vida. Como na higiene pessoal, problemas de locomoção, atividades sociais, sexuais e no trabalho. Resumindo, o objetivo do tratamento cirúrgico é melhorar não somente a qualidade, como também o tempo de vida do obeso, resolvendo os problemas de ordem física e psicossocial que o excesso de peso acarreta.
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Quais os tipos de técnicas de cirurgia para obesidade mórbida?
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Existem basicamente três tipos de cirurgias para o tratamento da obesidade: as restritivas, as má absortivas e as híbridas. As primeiras cirurgias para obesidade iniciaram-se na década de 50 e eram do tipo má absortiva, ou seja, diminuíam o tamanho do intestino delgado de cerca de 6 a 7 metros para 35 a 45 cm de extensão, fazendo com que os alimentos não fossem adequadamente digeridos e absorvidos, levando à diarreia e má absorção. A perda ponderal com este método era alta – 60% a 70% do peso –, porém complicações graves surgiram com o tempo levando, a altas taxas de mortalidade, fazendo com que fossem totalmente abandonadas. Nos anos 80 iniciou-se a era das cirurgias restritivas, ou seja, aquelas que restringem a ingestão alimentar por diminuição do volume do estômago de aproximadamente 2,0 litros para algo em torno de 20 ml promovendo assim, saciedade precoce. Com esta técnica a perda ponderal média ao final de 1 ano é de 20 % a 25% porém, a partir do 2º ano os pacientes novamente voltam a ganhar peso, principalmente aqueles que ingerem alimentos líquidos e pastosos altamente calóricos, como sorvete, leite condensado e pudins. Baseando-se no mesmo princípio restritivo estão as bandas, ou prótese de silicone, inicialmente colocadas por cirurgia aberta e ultimamente por laparoscopia. Estas bandas "estrangulam" a parte superior do estômago, formando um estômago em "ampulheta", dificultando o esvaziamento do compartimento superior para o inferior, levando da mesma forma acima citada à saciedade precoce, e como aquela, promove perda ponderal semelhante (20% a 25 %) e reganho de peso a partir do 2º ano. Deve, portanto, ter sua indicação bem precisa, já que para os grandes obesos e comedores de doce traz maus resultados. Outras desvantagens são o custo – cerca de 2.000 dólares – e a durabilidade da prótese de aproximadamente 15 anos. No final dos anos 80 e início dos anos 90 surgiu o tipo híbrido de cirurgia para obesidade, o qual associava a restrição por meio da redução do estômago com uma leve má absorção por meio da diminuição de apenas 1 metro do intestino. Esta cirurgia foi desenvolvida pelo cirurgião colombiano Rafael Capella, radicado nos Estados Unidos e leva o seu nome. Com essa técnica a perda ponderal média após um ano chega a 40 % do peso pré-operatório e mantém-se assim com o passar dos anos. Esta é atualmente a técnica mais utilizada em todo o mundo, inclusive no Brasil, sendo considerada, no momento, o padrão ouro do tratamento cirúrgico da obesidade mórbida.
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Quais os riscos da cirurgia?
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O risco é o mesmo de qualquer outra cirurgia de grande porte, mas existe e deve ser considerado. Abertura dos grampos ou das emendas pode ocorrer, mas é pouco comum, podendo levar o paciente a uma nova cirurgia. Embolia pulmonar – sangue coagulado nos pulmões – e morte podem ocorrer, como em qualquer cirurgia, mas é raro (1%). No pós-operatório tardio poderá acontecer queda de cabelo por volta do terceiro mês, mas recuperável. Pode ainda ocorrer vômitos esporádicos e diarreia associada a mal-estar quando se come doces.
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Fonte: http://www.agendasaude.com.br/ *

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