9.26.2016

Acusado de blasfêmia, escritor cristão é morto a tiros na Jordânia por extremista muçulmano Por Tiago Chagas - 26 de setembro de 2016





O escritor cristão jordaniano Nahed Hattar, um dos proeminentes de seu país, foi morto a tiros por um extremista muçulmano no último domingo, 25 de setembro, na entrada de um tribunal onde ele seria julgado por ofensa ao islamismo através de uma charge.
Hattar, 56 anos, descrito como um intelectual, foi assassinado em Amã, e as autoridades do país investigam o crime como um ataque de motivação religiosa.
De acordo com informações do Telegraph, o assassino foi preso no local e uma fonte de segurança jordaniana o identificou como Riyad Ismail Abdullah, um imã de 49 anos de idade, que usava vestes islâmicas tradicionais no momento do crime.
O atirador havia retornado a Amã recentemente, após fazer a peregrinação Hajj para a Arábia Saudita, disse a fonte. Acredita-se, devido às informações que se têm até agora, que ele agiu sozinho.
O assassinato se tornou um revés para a imagem da Jordânia, que tenta passar a ideia de ser uma nação estável em meio à violência sectária que arruína grande parte do Oriente Médio. Hattar havia sido preso em agosto por compartilhar uma charge, em vídeo, no Facebook, mostrando um extremista islâmico na cama com duas mulheres, enquanto Alá o levava vinho e retirava os pratos sujos do banquete.
Segundo o escritor cristão, a charge era uma forma de protestar contra a interpretação distorcida dos extremistas, mas terminou sendo acusado pelo governo de insultar a fé alheia e “provocar rupturas sectárias”.
Em sua defesa, Hattar negou as acusações e afirmou que lutaria contra a condenação, que poderia chegar a três anos de prisão. “Eu estou zombando dos terroristas e de sua concepção de inferno e céu. Eu não vou insultar o supremo Deus, em tudo, pelo contrário, sou contra o tipo de deus que os terroristas adoram”, escreveu, pouco antes de sua morte.
A família do escritor agora quer Justiça: “Consideramos o Ministério do Interior responsável”, disse Jamal Attar, um primo. “Este é o primeiro assassinato na Jordânia que tem como alvo uma pessoa mais nada além de sua opinião, a liberdade de expressão”, acrescentou.
Na Jordânia, os cristãos são uma minoria da população, somando apenas 4% dos 8 milhões de habitantes, em sua maioria muçulmanos. Ao contrário de outros países do Oriente Médio, por lá os cristãos são cidadãos de classe média alta e, geralmente, convivem pacificamente com os adeptos do islamismo.



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