9.27.2016

As manifestações do Espírito se dão no amor "Como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou" (Ef 5.1-2).






É incrível como o meio evangélico sempre cita sobre o “poder de Deus” e as “manifestações do Espírito Santo” de uma forma descontextualizada e infantil. Por exemplo, falar sobre o manifestar do Espírito Santo nos leva a pensar em milagres, curas, arrepios, línguas estranhas e choro.
Para nós pentecostais, onde me incluo, o Espírito Santo se manifesta quando o “sentimos”, quando fisicamente o percebemos, quando Ele abre as portas de uma forma sobrenatural para nós, quando o milagre acontece, a profecia é anunciada ou quando um “mover” é visível.
Não estou aqui para afirmar que estas coisas não são manifestações do Espírito Santo, mas, como diria o apóstolo Paulo, falaremos sobre um caminho sobremodo excelente, faremos uma pequena reflexão sobre o assunto, vejamos:


Por que o Espírito Santo se manifesta?

Antes de ir para o madeiro e subir aos céus, Jesus fala aos seus discípulos que não os deixará órfãos (Jo 14.18) e nos ensina algo maravilhoso sobre o motivo do Espírito Santo agir: “Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhe ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar de tudo que eu lhes disse” (Jo 14.26).
Perceba que informação valiosa, o Espírito Santo foi prometido como nosso consolador, ele estaria no meio de nós (Jo 14.17) para nos ensinar esse caminho apresentado por Cristo e nos lembraria das palavras de Jesus. O Espírito Santo aponta sempre a Jesus Cristo, sua obra se dá nisto. Por isso, Efésios 5 diz que devemos ser imitadores de Deus, e como isso? “como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou” (Ef 5.1-2).
O Espírito Santo tem uma obra para efetuar em nós, levar-nos a sermos filhos amados (salvos pela redenção de Cristo) e viver em amor (como Cristo nos amou). O Espírito Santo se manifesta para nos apontar Jesus Cristo, nossa intimidade com Ele é para nos aperfeiçoar neste caminho.

Como o Espírito Santo se manifesta?

O apóstolo Paulo nos traz luz a este assunto quando nos diz: “A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum” (1Co 12.7). Para apresentar a obra de Jesus Cristo, o Espírito Santo expande a Igreja do Senhor e capacita a Igreja com dons, esses dons são chamados pelo apóstolo de manifestações do Espírito, e o que precisa ficar claro, é que tudo isso se dá para o bem comum, para a edificação da Igreja e para o bem das pessoas que fazem parte deste corpo de Cristo.
Além disso, o apóstolo cita uma lista de dons que o Espírito se manifesta para a edificação da Igreja, e “todas essas coisas são realizadas pelo mesmo e único Espírito, e ele as distribui individualmente, a cada um, como quer” (1 Co 12.11). É interessante ressaltar que essas manifestações do Espírito Santo são obras dessa terceira pessoa da trindade, independem da força do homem, mas o Espírito dá como quer para o bem comum.

O mito atual da manifestação do Espírito Santo

Nos dias de hoje, as pessoas tratam o Espírito Santo como uma força, e não só isso, tratam ele como um Deus que quer nos fazer senti-lo, e isso é muito perigoso para a compreensão do evangelho.
Os evangélicos de hoje acreditam nas experiências com as manifestações do Espírito Santo de forma infantil, pois desejam sentir Deus, querem ver sua força, seu milagre, querem um Espírito Santo que se manifesta no físico, que emociona e dá dons que servem para a edificação própria, não é isso que Jesus e os apóstolos nos ensinam.
Primeiramente, as manifestações do Espírito Santo se dão para nosso arrependimento e crescimento em semelhança de Jesus, experiências vazias que possam mexer com o corpo e não com o coração são opostas ao trabalhar da obra do Espírito Santo. Além disso, hoje se prega manifestações do Espírito de forma individual, experiências próprias, línguas estranhas para si, experiências que toquem nossas emoções e nos motivem, de forma singular, mas, o Espírito se manifesta para o bem comum, para o crescimento de todos e para todos, de forma diferente para cada um, pois age como quer.
Então, hoje o mito é que você deve ter o mesmo tipo de experiência mítica que tal pessoa viveu; que você deve ter o mesmo arrepio, mesma fé que aquele lá, deve pregar do mesmo jeito que pessoa “x” ou deve se expressar e “sentir Deus” da mesma forma que a pessoa “y”.
Tudo isso é um mito, que serve apenas para frustrar as pessoas e levá-las a forçarem a ser o que não são. O Espírito Santo se manifesta de uma forma diferente a cada um conforme os dons apresentados por Paulo, mas para o bem comum, edificação coletiva. Tome cuidado com experiências que são singulares, pois o Espírito tem um objetivo traçado: edificar a Igreja para apresentar o Cristo.

A manifestação verdadeira se dá no amor

Por isso, o apóstolo Paulo, após falar sobre os dons, diz: “Passo agora a mostrar-lhes um caminho ainda mais excelente”, que é o Amor que ele descreve na sequência (1Co 12.31; 13.1-3). O apóstolo nos ensina que nenhum dos dons citados por ele anteriormente valem, se não existir o amor.
Pois, as atitudes anteriores podem ser copiadas, ou podem ser exercidas, mas sem amor nada valeria. Isso porque “ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso valerá” (1Co 13.3).
Ao falar sobre as manifestações do Espírito Santo, Paulo conclui esse assunto falando sobre o amor. Diante da “fé, esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor”(1Co 13.13). Isso é fantástico! O Espírito Santo quer se manifestar em nós de tal forma que deseja nos converter ao Senhor para andarmos como Cristo andou, ou seja, no amor. “Portanto, sejam imitadores de Deus, como filhos amados, e vivam em amor, como também Cristo nos amou” (Ef 5.1-2). Se existe uma experiência e manifestação do Espírito Santo de forma plena, essa está relacionada ao Amor, que recebemos de Cristo e damos aos outros.
Conclusão:
É bem verdade que esse caminho não parece tão atrativo para alguns, gostamos mesmos do “êxtase do Espírito”, mas é um caminho excelente e neste caminho não há engano. O que precisa ficar claro diante de nós, é que, o apóstolo Paulo nos incentiva a buscarmos os melhores dons (1Co 12.31), mas lembre-se que todos esses dons são para o bem comum e é dado pelo Espírito Santo, essa terceira pessoa da trindade tem uma obra para realizar e diz respeito a uma obra coletiva, e o caminho excelente para transformar a si e os outros é o do Amor.
Que o Espírito se manifeste em nós de forma tão intensa e clara que nos faça amar uns aos outros!
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